FAMÍLIA
FAMÍLIA: TRANSIÇÃO DO ONTEM AO HOJE (adaptado por
Lucia Carmen de Oliveira)
Qual é a
primeira impressão quando ouvimos a
pronúncia da palavra FAMÍLIA?
A esse
questionamento, cada um responderá a seu modo, de acordo com a sua
subjetividade e sua experiência vivida, pois o conceito de família tem um significado
único para cada um; falar sobre Família é algo sublime e individual e tudo que envolve
essa temática torna-se um problema tanto complexo quanto instigante, o que motiva
nossa discussão.
No ano de
1905, a jornalista Carmem Dolores escreveu um artigo para o jornal O País, que
tem como início a seguinte frase: “FAMÍLIA NÃO SE USA MAIS”, (...) O
interessante é que mesmo tendo passado um século, a idéia de família estava associada a de uma
instituição falida. É tanto que, um casal que consegue permanecer unido sob o
mesmo teto, por mais de 30-40 anos, merece uma homenagem, uma premiação. Contudo,
nosso questionamento é: a que conceito de família temos nos referido hoje? Dantes,
o conceito de família despertava um turbilhão de lembranças, emoções, saudades e
acima de tudo expectativas que nem sempre foram correspondidas ou que por sua
vez foram um tanto contraditórias. As vezes traz alguma frustração quando não
funciona como suporte à educação
doméstica participativa e pacífica, ou não oferece um “Porto Seguro” aos seus componentes.
Segundo a escritora Anna Maria N. de Souza em seu livro A
Família e seu Espaço , FAMÍLIA é algo universal, e até hoje não foi
ainda descoberta outra formação humana capaz de substituí-la em sua totalidade.
A família é o grupo primário que deveria servir de modelo exemplar a todos os
outros, todas as outras instituições.
Nesse momento
surge a reflexão: “mas a instituição família
já sofreu tantas mudanças ao longo dos séculos, o que seria então considerado como família atualmente?” Poderíamos
responder supondo que não existe mais, no seio familiar, uma estrutura alicerçada no altruísmo do amor
ao próximo, colocar-se no lugar do outro. Por outro lado, podemos considerar a
família não como uma estrutura individual, hermética, um reduto onde todo tipo
de assédio, bulling era permitido e praticado de pais para filhos, os quais
repetiam o mesmo “carrancismo”. Mas, a família hoje funciona mais como um **arranjo
providencial e/ou por conveniência. Os arranjos familiares atualmente, são
concebidos de várias formas, por exemplo, famílias constituídas apenas pela mãe
e os filhos; pelo pai e os filhos; pelos avós e os netos; pelos
padastros/madrastas e os enteados/filhos de ambos; ou ainda, parentes e vizinhos que participam(ram) acompanhando
e cuidando da educação das crianças e dos adolescentes; assistentes sociais do
CRAS e outras instituições, ONGs e creches-escolas, que contam com o apoio do
Conselho Tutelar quando houver necessidade de mediar algum conflito e
encaminhar à Promotoria as possíveis intervenções no sentido de solucionar os
problemas detectados etc. Ou seja, o relacionamento familiar tornou-se
complexo, a família não se acomoda mais no modelo de velhas tradições
paternalistas, até porque essas funções migrou para a “MULHER MARAVILHA” (não
mais a Amélia), ou seja, a mulher
assalariada ou não, internalizou funções multifuncionais e esse sistema polivalente
vem causando distúrbios neuronais como, estresse, depressão, refletindo no psicossomático, sendo urgente
uma abordagem que contemple a igualdade de gêneros. A família não quer nem pode
mais permanecer acomodada como antes: composta de pai, mãe e filhos, de maneira
individualmente ‘egoística’, como se o outro, o filho do vizinho, o sobrinho, o
afilhado, o enteado, o aluno, o adotado, o empregado doméstico não fizesse
parte do mesmo contexto educacional-econômico-social com os mesmos problemas.
Até porque não existe mais aquelas pessoas ‘desocupadas’ que estiveram do nosso
lado, participando da nossa vida mais do que nossos pais ou irmãos biológicos.
Pois é, eles também poderiam ser considerados componentes do nosso grupo
familiar, até porque com mães e pais trabalhando fora, muitas vezes são essas
pessoas que ‘quebram o galho’, principalmente nas creches e escolas. As famílias hoje em dia, além dos laços
parentais, de sangue, inclui outros que podem compartilhar o mesmo teto, saberes,
experiências, vantagens assistenciais, sendo imprescindível a amizade e a
companhia de pessoas que estão ligadas a nós por problemas comuns, devido as
injustiças sociais, principalmente.
Com isso,
observamos que temos e teremos sempre várias “famílias coletivas”, para
oferecer e receber amparo, proteção, orientação e respeito mútuos.
Quem
poderia hoje interagir na formação cidadã de seus filhos sem o auxílio dos mais
experientes, dos mais capacitados em subvenções sociais?
Então,
vemos que não existe nenhuma iniciativa de amparo à família que seja
hermeticamente isolada. Até porque é requisito: quem quiser implementar
qualquer iniciativa de cunho social ou sócio-político-educacional, precisa
contar com o apoio humano e das tecnologias e ainda, a presença de representantes
da Sociedade Civil, (dentre os dos outros seguimentos) podendo o grupo
articular-se com os outros grupos (Escola, ONGs, Cooperativas, Entidades
Filantrópicas-educativas) já que no
contexto familiar privado, a quatro paredes, os conflitos não se resolveriam
por si, sem uma visão multidisciplinar dos mais experientes. A família de hoje
tem também a função de agregar e agregar-se a movimentos ativistas em prol do
Bem Comum. Digo isso porque a aculturação tráfico-usuários-de-drogas lícitas e
ilícitas, amedronta porque tem afetado todos das diversas faixas etárias de todos
os níveis e classes sociais. Portanto, não adianta achar que os problemas de
nossos parentes, agregados, vizinhos e seu(s) filho(s) não é problema nosso. O
filho, filha do outro pode vir a ser meu genro, nora. . . E aí?
Retomando a discussão. . . A família permanece com a mesma função básica: procriar,
educar e cuidar com amor, carinho e muita observação, importando-se com a
preservação física, moral e espiritual de sua prole, seja parida ou adotada, há
que se cuidar aproveitando as circunstâncias vivenciais no seu meio doméstico que
por sua vez, confrontado pelo que dita a mídia televisiva (novelas) que tem influenciado
o pensar, o querer, o fazer, o falar, os comportamentos e as atitudes
e também no contexto consumismo por produtos que substituem outros que
tornam-se obsoletos do dia para a noite. Tudo isso pode gerar crises nas
relações, por exemplo, assistimos no SBT a Super Nani tendo que orientar e
mediar conflitos tanto na relação do casal como na criação dos filhos que, por vezes
são vítimas do modelo capitalista, por valorizarem mais o ter do que o SER. Mesmo mutável e vulnerável, a família dinâmica permanece sendo a base da
história de cada um. Entretanto, na tentativa de responder o questionamento
lançado - “FAMÍLIA NÃO SE USA MAIS” - devemos atentar para o fato de que, sendo os humanos seres
biopsicossociais, busca conhecer seus
direitos e deveres na *Lei dos Direitos
Humanos .(OBS: o trecho em itálico é uma citação por Lucia Carmen de
Oliveira em 21 02 2013 cujos Autores Paulo Motta Monte-Serrat¹, Thais Bueno²
e Victor Amadeu El Hauche³):
(...) A Constituição é direta e simples: a finalidade da
educação é a garantia de cidadania e a preparação para o mercado de trabalho.
Segundo o art.
206 em seu inciso III da Constituição Brasileira, vemos que é defendido o
pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, ou seja, o pluralismo de idéias nos diferentes contextos sociais em que as
crianças se encontram envolvidos, que devem ser respeitados e levados em
consideração pela instituição escolar que se torna um meio pelo qual o
conhecimento deverá ser produzido pelas crianças. E o pluralismo de concepções pedagógicas na qual devem ser criados
e manipulados recursos pedagógicos facilitadores do processo de
ensino-aprendizagem.
A Constituição sozinha não é capaz de formar um
aluno ou seu caráter, por isso que a família é fundamental na vida de uma
pessoa, sendo que esta é a base da sociedade, passando os princípios
fundamentais para o convívio entre seus membros, em sociedade.
(...)Um dos entrevistados Carlos Alberto Monteiro
Vieira, desembargador e professor de direito constitucional das Faculdades
Anhangabaú, deu seu parecer a respeito da inclusão salientando a importância da
noção dos princípios constitucionais, por parte dos jovens:
“É inegável o fato de que a juventude atual carece
de um conhecimento acerca de seus próprios direitos como cidadãos. Suas
atitudes irresponsáveis, como vemos todos os dias nos telejornais, em acidentes
pelo uso excessivo do álcool, violência contra professores, são reflexos
diretos dessa ausência do conhecimento constitucional. A partir do conhecimento
dos princípios gerais de direito contidos na constituição, os jovens ampliarão
significativamente seus horizontes nas mais variadas áreas das relações
humanas, podendo assim contribuir para uma melhor convivência em sociedade.”
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/pceb015_07.pdf
O
percurso encontro-desencontro entre o
“eu” e o “tu” na tentativa de chegar ao “nós”, é permeado de conflitos e ajustes,
acordos e desacordos inerentes do convívio familiar e essa dinâmica acrescenta
a graça do exercício da cidadania a partir das relações humanas-domésticas ao
longo das gerações. Há algum tempo, ter uma família significava além de
procriar, possuir uma identidade civil, ter um nome de pai e de mãe no
documento de identidade, ter para onde voltar após mais um dia de trabalho; o ‘porto-seguro’ onde aplacar os reveses
enfrentados na luta pela sobrevivência. Enfim, ter um LAR era algo sagrado que
bastava-se por sua raiz e tradição. Era como se do lar brotasse magicamente
toda a logística para sua manutenção, organização e preservação. Logo, ainda
tem gente que se esquece de pesquisar e estabelecer comparações entre o antes e o depois do advento da TV no
recinto do lar; do antes e o depois dos games, do celular, da Internet; do antes e o depois da Consolidação
da Leis Trabalhistas (CLT), do capitalismo; do antes e o depois do tráfico-uso
de drogas que gera violência e mortes; da mulher dona de si, independente. Do antes,
durante e depois da igualdade de gêneros. Essa análise precisa ser feita sempre,
antes do namoro, do noivado, do
casamento, para que se efetive as adaptações necessárias ao convívio familiar
no suporte LAR-DOCE-LAR.
**(...)Ou seja: para o Cadastro Único, é necessário que as pessoas residam no mesmo domicílio e compartilhem renda ou despesa para serem consideradas componentes de uma mesma família. Não é necessário que os integrantes tenham relações consanguíneas, isto é, que sejam parentes.
Fonte: XXVI CADERNO CULTURAL - Coaraci Bahia / Ano 3 / Fevereiro de 2013 / 500 Exemplares Mensais / 13.000 Exemplares Distribuídos GratuitamenteSite: informativocultural/coaraci / E-mail:
**(...)Ou seja: para o Cadastro Único, é necessário que as pessoas residam no mesmo domicílio e compartilhem renda ou despesa para serem consideradas componentes de uma mesma família. Não é necessário que os integrantes tenham relações consanguíneas, isto é, que sejam parentes.
Fonte: XXVI CADERNO CULTURAL - Coaraci Bahia / Ano 3 / Fevereiro de 2013 / 500 Exemplares Mensais / 13.000 Exemplares Distribuídos GratuitamenteSite: informativocultural/coaraci / E-mail:
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